(Prof. Gabriel Perissé)
Essa aula trata da
gramática e a “língua viva”. A gramática tenta registrar como algo “imutável”,
aquilo que na verdade é vivo, intenso, mutável, que é o nosso falar cotidiano.
Os gramáticos tem essa
função, e tratam das normas, regras que são importantes evidentemente quando
falamos em padrão, por exemplo, um padrão para avaliação em um concurso,
vestibular. Entretanto, temos também o modo de falar, principalmente no
cotidiano, privilegiamos a comunicação, a eficácia da interação entre as
pessoas.
A boa literatura consegue
captar esse momento espontâneo em seus textos, como um conto de Marcelino
Freire.
– MÃE, ó, o meu plano é assim, uma viagem, vai vendo, eu sequestro a
minha namorada, porque ela me traiu, quis me deixar, rá, aí eu trago ela aqui
para casa, pela garagem, dou um tapa, jogo no sofá, esculhambo, vai vendo,
bato, xingo ela de vaca, aí ela vai negar, tudinho, vai negar, rá, rá, vai
dizer que me ama, aí eu, puto, é claro, não vou acreditar, quando ela der uma
de santa e, de fininho, tentar ligar para chamar o pai, é quando eu pego na
arma, saca, mãe, saca, ela vai fazer aquela cara, rá, ó, de susto, de choro, e
aí eu esfrego bem no rosto dela o cano do revólver velho, também mostrarei uma
faca que rasparei no cabelo da condenada, é, enquanto ela não me contar, sério,
rá, rá, o que andou aprontando, ela, toda mulher é, sim, uma cadela, menos a
senhora, mãe, que é de outro tempo, vai vendo, a viagem, ela, de repente, vai
soltar um grito de socorro pelo buraco daquela janela, a safada, a selvagem, aí
eu ataco ela, rá, rá, pela perna, dou um chute forte na barriga da bandida e
ela desmaia, a desgraçada pensa que eu sou bobo, a fingida toda se fingindo, no
mínimo, ora, e lá vai soco, mesmo com ela desacordada, jogo um litro de água
suja na cara dela, ali, da privada, ela abre o olho, tosse, vomita mole alguma
coisa, é quando eu ouço alguém bater na porta, pá, pá, é a senhora chegando, é,
é, vai vendo, aí eu não dou bola, fecho a fechadura, forte, puxo o armário,
faço uma barreira e peço que a senhora vá embora, rezar, rá, rá, que hoje a
merda vai rolar [...] (Trecho do conto "Crime", extraído
do livro "Amar É Crime",de MARCELINO FREIRE, a ser lançado em julho
pela EDITH)
Na linguagem literária
esse personagem acima, enlouquecido, criminoso, vai contando pra sua mãe o que
vai fazer de errado, mas acerta não na gramática normativa e sim em quando no
falar cotidiano temos regras implícitas para a eficácia da comunicação. Mesmo a
personagem cometendo erros como quebras de lógica, introdução de risos,
“ferindo a gramática”, temos que pensar nesse texto como um falante tentando
produzir um relato, a gramática então não entra no contexto de certo ou errado,
e sim no que é eficaz.
Essa diferença entre
gramática normativa e gramática no sentido de descrição de fala é importante
para que repensemos nossa maneira de estudar e empregar nosso idioma. Não
precisamos ser sempre corretos no sentido da gramática normativa, se a mesma
não me dá clareza na comunicação com outras pessoas. Ao mesmo tempo, não
podemos perder esse conhecimento gramatical, enfim, nessa luta entre
gramáticas, vamos perceber que as gramáticas atualizam-se e começam considerar
certo aquilo que no passado considerava-se errado.
Outro exemplo: Na frase
“Eu vou assistir o vídeo da UNIVESP”, segundo a gramática normativa mais
antiga, há um erro, pois não estamos empregando o verbo no sentido correto,
pois quem assiste, assiste “a um vídeo”, mas no ponto de vista brasileiro, essa
possibilidade “eu vou assistir o vídeo” se torna correto.
Alguns professores
insistem em apresentar o tema da gramática de uma maneira muito técnica, porém,
a língua vai se adaptando, vai se impondo.
Na entrevista que nos foi
apresentada, do professor Luiz Carlos de Assis Rocha, ele indaga que é
importante o aluno saber as normas da língua padrão, porém para isso não é
preciso que ele aprenda a gramática, “oração subordinada, substantivo direto,
indireto”. Temos que repensar a maneira de estudar a gramática, observando a
linguagem que acontece, que é eficiente.
Aquilo que as vezes
chamamos de erro, na verdade pode ser um acerto, o que não quer dizer que o
professor não tenha a função de apontar o que são as regras, entretanto,
mostrando que a cada momento temos necessidade de adaptar o que falamos em cada
ambiente.
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Semana 02 - Vídeo-Aula: 07 – As Regras da Nova Ortografia?
(Prof. Gabriel Perissé)
Nessa vídeo aula, falamos
sobre a grafia correta, a ortografia. A ortografia estabelece que tal palavra é
escrita de uma maneira e não de outra. Por ex: CASA, a ortografia estabelece
que a palavra tem que ser escrita com “S”. Muitas vezes essas regras nos
parecem arbitrárias.
Recentemente, a Academia
Brasileira de Letras, o governo brasileiro, o governo de Portugal, e também os
países da comunidade lusófona, se reuniram e criaram um novo acordo
ortográfico. Essa tentativa sempre foi problemática, muitas delas
não deram certo, pois os hábitos de cada país estão muito agregados. Por
exemplo: a palavra “álibi” vem do latim e o latim não é acentuado, durante
muito tempo a ortografia defendeu e mostrou que a palavra não tinha acento, uma
vez que a origem era uma palavra latina, com o tempo e com o uso, as pessoas
começaram interpretar a palavra como uma palavra brasileira, proparoxítona,
portanto acentuada no “A”, a ortografia acabou se rendendo e aceitou que álibi
não é mais uma palavra latina, portanto acentuada.
Durante o século XX, os
governos procuraram criar uma unidade ortográfica mediante uma lei, um acordo
ortográfico. Para efeitos editoriais seria interessante, um livro, por exemplo,
escrito no Brasil, poderia ser lido tranquilamente em Portugal.
Há um vídeo em que o
professor Pasquale Cipro Neto nos fala sobre o trema, que mesmo não usando-o
mais, a pronúncia na palavra não muda.
Percebemos que mesmo com
as tentativas de padronização, sempre tem exceções, Portugal nesse acordo foi
resistente, não queria abrir mãe de certos usos, gerando muita polêmica. Algo
que parece simples, gerou muita angústia.
Outro vídeo do Pasquale,
nos fala sobre a queda do “c” e “p” mudo, como nas palavras como: acto, facto,
na grafia portuguesa eles irão “morrer”, porém no Brasil não muda nada, pois
nós já não usamos eles nas palavras.
A nova ortografia foi
aprovada, mas não quer dizer que foi realmente aplicada. Alguns países
africanos tiveram dificuldade sobre essa nova ortografia. No Brasil também
houve algumas resistências, até pela nossa falha educacional, algumas pessoas
diziam que muitos não sabiam nem a antiga ortografia, quanto mais a nova.
Em uma pesquisa informal
feita pelo professor, ele constatou que de 20% a 30 % das pessoas que escrevem
habitualmente não assimilaram todas as mudanças da nova ortografia. Os hífens,
por exemplo, ainda gera muitas dúvidas.
Não podemos desprezar
essas regras, devemos conhecê-las, ir empregando-as devagar, estando ciente de
todo esse contexto, de toda essa problemática, não desprezando os esforços
desse acordo ortográfico, mas não esquecendo que a vida da língua é mais ampla,
interessante e rica do que as regras. Manter atenção entre as regras e a vida,
esse é o foco.
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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 02 - Vídeo-Aula: 08 – A Declaração Universal dos Direitos Linguísticos?
(Prof. Gabriel Perissé)
Aprendemos nessa aula sobre a declaração universal dos direitos
linguísticos, que é um documento dos direitos daqueles que falam, direitos
linguísticos.
Quando lembramos do mito da Torre de Babel, onde as pessoas tinham um
projeto de construção da torre mais elevada do mundo, lembramos também
que esse plano não deu certo pois houve uma confusão linguística, cada um
falava em um idioma, cada um tinha uma maneira de ver o mundo. Não deu certo
pois as pessoas não souberam se comunicar, não souberam criar uma plataforma de
direitos e deveres que permitisse o alcance de um ideal.
Essa declaração começou a ser pensada no final do século passado, depois
de muitas discussões e reflexões, chegou-se a ela, chamada de declaração de
Barcelona, pois lá ela foi assinada. É importante entendermos os direitos
básicos dessa declaração, que vão nos ajudar a exercer esses direitos e deveres
implicados.
Segue alguns conceitos:
Comunidade linguística: “Toda a sociedade humana que,
radicada historicamente num determinado espaço territorial, reconhecido ou não,
se identifica como povo e desenvolveu uma língua comum como meio de comunicação
natural e coesão cultural entre os seus membros”.
Isso nos faz pensar por exemplo, que no Brasil, temos uma língua oficial,
porém temos centenas de comunidades linguísticas, como as tribos indígenas, ou
comunidades que ainda falam em alemão, ou italiano, ou seja, um país tem um
idioma oficial, mas existe nela diversas de comunidades linguísticas que tem
direito de manifestar sua cultura, sua visão de mundo.
Direitos Linguísticos Inalienáveis: ser reconhecido como membro de
uma comunidade linguística; uso da língua em privado e em público; uso do
próprio nome; relacionar-se e associar-se com outros membros da comunidade
linguística de origem; manter e desenvolver a própria cultura.
Direitos Linguísticos Complementares: ensino da própria língua e da
própria cultura; dispor de serviços culturais; uma presença equitativa da
língua e da cultura do grupo nos meios de comunicação; serem atendidos em sua
língua nos organismos oficiais e nas relações socioeconômicas.
Princípios Básicos: O direito de todas comunidades
linguísticas são iguais e independentes do seu estatuto jurídico ou político
como línguas oficiais, regionais, ou minoritárias. Designações tais como
“língua regional” ou “minoritária” não são adequadas.
Analisamos que é uma perda cultural e humana que uma língua deixe de
existir, então quando essa declaração dos direitos linguísticos se manifestou,
deu o direito dessas comunidades ter seu patrimônio linguístico e cultural
preservados.
Definição de Língua: É uma expressão de uma maneira distinta de
aprender e descrever a realidade, pelo que deve usufruir das condições
necessárias ao seu desenvolvimento. Por ser uma realidade constituída
coletivamente, exerce o papel de instrumento de coesão, identificação,
comunicação e expressão criadora.
“Cada língua, cada idioma traz em si uma visão de mundo”. É importante
que essa maneira original de ver o mundo não se perca.
Acesso ao
conhecimento linguístico: Todos tem direito ao conhecimento
da língua própria da comunidade onde residem e a se tornarem poliglotas, usando
as línguas mais apropriadas em seu desenvolvimento pessoal ou à sua mobilidade
social.
Nesse conceito entramos em aspectos pedagógicos, escolares. A escola deve
oferecer a cada um de nós as chances de preservar as características de nossa
comunidade e oferecer outros horizontes, outros idiomas.
Ensino e Línguas: fomentar a capacidade de autoexpressão linguística e
cultural da comunidade linguística; cuidar da manutenção e desenvolvimento da
língua falada pela comunidade; defender a diversidade linguística e cultural e
as relações harmoniosas entre as diferentes comunidades linguísticas (todos tem
direito de aprender qualquer língua).É importante que os idiomas não só sejam falados, mas sejam promovidos na forma escrita.
Quando falamos em uma declaração universal de direitos linguísticos, pensamos também em seus deveres. Como e o que podemos fazer para que as comunidades não percam suas raízes, suas tradições.
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Semana 03 - Vídeo-Aula: 09 – Breve História da Nossa Língua
(Prof. Aldo Bizzocchi)
A língua portuguesa é a mais importante do mundo, com cerca de 280 milhões de falantes. Também é a 5ª língua mais falada do mundo; mais falada no hemisfério sul do planeta. O ensino do português já obrigatório, ou facultativo em vários países. Ela se originou do latim vulgar falado na Península Ibérica.
A origem: O português surgiu na região noroeste da Península Ibérica a partir de uma língua mais arcaica chamada “galaico português”, essa língua posteriormente se dividiu em dois ramos: ao norte deu origem ao galego (um dos idiomas oficiais da Espanha), e ao sul transformou-se no que hoje é o português.
O romanos que chegaram na Península Ibérica a partir do ano 218 a.C. eram soldados, colonos, vindos de várias províncias romanas que ali se estabeleceram. No século V depois de Cristo o império romano já decadente sofria invasão de vários povos de origem germânica, chamados de bárbaros, que aos poucos iam recebendo terras esse fixando nelas.
Com a queda do império romano em 476 d.C., suas escolas e administração desapareceram e o latim vulgar continuar a crescer. Mesmo com a invasão da Península pelos árabes em 711, a população continuou usando sua língua nativa de origem românica, a influência árabe no português limitou-se ao léxico, com vocábulos como alface, algodão, alfaiate e açúcar.
As cantigas de amor e amigo marcam a literatura portuguesa, elas aparecem na época em que o português se torna a língua oficial do reino de Portugal. As cantigas eram poemas cantados, escritas numa forma arcaica do português.
O idioma se espalhou pelo mundo nos séculos XV e XVI pelas grandes navegações, quando Portugal estabeleceu um vasto império colonial, incluindo o Brasil. É nesse período que é escrito e publicada aquela que é considerada a obra máxima da língua, a epopeia os Lusíadas, de Camões, exaltando os grandes feitos nos navegadores portugueses, essa obra também fixou o padrão clássico da língua. A seguir um trecho como exemplo:
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte. (...)
Podemos perceber que a língua de Camões está próxima da que usamos hoje, mas ainda assim encontramos muitas diferenças a língua portuguesa atual.
Evolução da língua portuguesa:
1. Português antigo ou arcaico: séculos XII a XV
2. Português Clássico: séculos XVI a XVII
3. Português Moderno: séculos XVIII e XIX
4. Português Contemporâneo: séculos XX e XXI
O português da atualidade é marcado por uma forte influência léxica da língua inglesa. O Brasil com suas músicas e telenovelas tem influenciado muito os rumos atuais do idioma.
O “português brasileiro”:
1. Reduziu a conjugação verbal;
2. O pronome sujeito é sempre explícito;
3. Há a omissão do pronome objeto;
4. Tempos contínuos com gerúndio;
5. Não há distinção entre o presente o pretérito perfeito da 1ª pessoa do plural dos verbos da 1ª. conjugação.
Em 2006, foi criado em São Paulo o
Museu da língua portuguesa, o primeiro museu dedicado a um idioma.
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Semana 03 - Vídeo-Aula: 10 – Etimologia
(Prof. Gabriel Perissé)
A etimologia é uma ciência que pode
ser tratada sem muita invencionice, mas há outra forma mais inspiradora de
considera-la, uma fonte de ideias, conhecer a história das palavras, fazer uma
viagem etimológica.
Existe um livro de Monteiro Lobato,
chamado “A chave do tamanho”.
Dona benta, olhando o fim do dia
exclama:
- Que maravilhoso fenômeno é o
pôr-do-sol!
Mas Emília resolve encrencar:
- Por que é que se diz pôr-do-sol?
Que é que o Sol põe? Algum ovo?
- O sol não põe nada bobinha.
O sol põe-se a si mesmo – respondeu
Dona Benta.
- Então ele é o ovo de si mesmo. Que
graça!
Essa passagem de Monteiro Lobato faz
lembrar-nos da curiosidade das crianças. As crianças sempre fazem a seguinte
pergunta. Por quê?
Na bíblia, Deus permite que o homem dê
o nome de cada bicho. Muito teóricos atribuem essa passagem bíblica, como o
poder linguístico do homem, de dar corpo sonoro as coisas.
Isso é tão nosso, de dar nome às
coisas.
Sócrates discutia com dois
personagens: Krátilo e Hermóneges, questões legadas à linguagem. Duas teses, a
palavra é uma imitação da natureza. Outra, as palavras existem por convenção.
Ambas as teses tem sua razão de ser e Sócrates, no diálogo, vai dando razão a
ambas.
Caipira – tem a ver com apele.
Capivara – Senhor do capim. Capi +
vara.
O modo adequado de nomear as coisas é
o modo natural, deixando vir à luz o ser das coisas. Sócrates.
No século VI, VII surgiu um Pensador
chamado Isidoro de Sevilha, da região da Espanha. Reuniu uma enciclopédia
chamada de Etimologia. Tratavam da origem das palavras, algumas hipóteses eram
falsas, mas buscava a verdadeira essência.
Alguns atribuíram a palavra camisa ou
camisola, por ser aquilo que se usa quando vai para cama.
Erasmo de Roterdam: “A etimologia é a
interpretação de um nome, ou a explanação de seu sentido”. Tinha uma visão
medieval, mas ampliava a etimologia como a busca do conhecimento, do saber.
Interpretação tem a ver com o preço. Aquele que conhece o preço de um lado e o
preço do outro lado. Sabe transitar de um espaço para o outro, do sentido
literal para o metafórico. Etimologia seria pensar a linguagem
Étienne Gilson: “Tudo o que se
relaciona a origem é misterioso”. Quando estudamos a história de uma palavra,
seu nascimento, suas mutações fonéticas, constata-se uma realidade misteriosa.
Não conseguimos esgotar o real. É necessário pensar um pouco mais.
Vejamos um poema de Paulo
Leminski:
em latim
“porta” se diz “janua”
e “janela” se diz “fenestra”
a palavra “fenestra”
não veio para o português
mas veio o diminutivo da
“janua”,
“januela”, “portinha”,
que deu nossa “janela”
“fenestra” veio
mas não como esse ponto da
casa
que olha o mundo lá fora,
de “fenestra”, veio
“fresta”,
o que é uma coisa bem
diversa
Já em inglês
“janela se diz “window”
porque por ela entra
o vento (“wind”) frio do
norte
a menos que a fechemos
como quem abre
o grande dicionário
etimológico
dos espaços interiores
A etimologia nesse caso serviu como
motivação para um poema. Mas podemos dizer que as palavras não são gratuitas,
há um motivo para seu nascimento. Museu, por exemplo, é também um lugar
de inspiração, pois vem de musas, donde vem música. Não e apenas um lugar de
coisas antigas. Não podemos nos tornar uma pessoa presa a um só significado das
coisas.
Surgiu na internet recentemente (um
boato) que a etimologia da palavra aluno: seria a + luno. A – (grego)
significaria negação e luno: lumuni ou
lux (latin) , que seria luz, que daria a palavra aluno. Uma pessoa que não tem
luz. Essa etimologia não é verdadeira. É uma aberração. Mas reproduziram esta
identidade etimológica.
ALUNO, numa pesquisa etimológica mais
séria:
Vem do verbo latino – ALERE – que
significa alimentar, nutrir. Aluno é aquele que tem fome ou curiosidade de
aprender. Como proletário que vem de prole + ALERE, significando aquele
que alimenta a prole.
As palavras professor, magistério,
também têm uma história etimológica. Professor vem de professar, aquele que
manifesta ou professa o saber. Magistério tem a ver com o advérbio MAGIS, algo
maior, de que se espera mais. Ministério, por exemplo, tem a ver com MINUS, que
é menor que MAGISTER. Então MAGISTÉRIO, aquele que ensina, é maior que
MINISTÉRIO, aquele que serve.
Essas considerações etimológicas
rondam o humor, a poesia, a filosofia, mas é importante analisa-la para
considerar a leitura como um prazer para o leitor. Devemos sempre pesquisar
para melhorar nossa produção de textos.
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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 03 - Vídeo-Aula: 11 – A Gíria e a Comunicação
(Prof. Aldo Bizzocchi)
A aula começa com uma reportagem, onde jovens falam
usando inúmeras gírias do cotidiano. “Véi, mano, fazer um BO, de boa, tipo
assim, se pá, firmeza”. “Descolar um hambúrguer”.
Qual a gíria do momento: “suave”. Contexto em que usam – entre amigos, baladas.
Quando não dá para usar gíria – ambiente de
trabalho; entrevista de trabalho. Não dá para “mandar um” - “ai Jow” para o
chefe.
Os jovens usam muito as gírias para explicar alguma
coisa de forma prática – tipo – “da hora”. Ou para completar um pensamento.
Nossas gírias são a cara de uma geração.
Existem gírias antigas, que não estão mais sendo
utilizadas: “ela é uma brasa, mora?”.
“Topei um mano legal na balada, ele deu PT e eu
segurei o BO”. Pode significar que encontrei rapaz bacana na balada. Ele tomou
todas (ingeriu muita bebida) e ficou muito bêbado. Eu o ajudei.
Como você viu a gíria é um modo de expressão muito
comum entre os jovens, mas não somente entre eles. Todo grupo de afinidade,
isto é, pessoas que tem interesses em comum, costumam utilizar palavras ou
expressões típicas daquele grupo e que muitas vezes não são compreendidas por
quem é de fora, ou seja, todo grupo tem a sua gíria.
Quando se fala em gíria pensamos nas expressões
informais que os jovens usam nas suas conversas, assim como o linguajar dos
marginais, que usam para não serem compreendidos pelos cidadãos de bem e pela
polícia.
Muitas gírias usadas pelos jovens nasceram do meio
criminoso, que depois de ficar muito “manjado, caiu no gosto da galera, tá
ligado”.
Você acha legal expressar-se assim, numa aula de
língua portuguesa? Pois é, não é proibido utilizar gírias, mas devemos saber
quando se deve ou não usá-la. Numa comunicação formal como numa aula ou num
ofício, nem pensar.
A língua é como a roupa que usamos. Um traje
adequado para cada ocasião. Assim como no vestuário, existe um nível de
linguagem adequado a cada situação de discurso. Existe até uma correlação entre
vestimentas e discurso linguístico. Num tribunal os Juízes usam toga e se
expressam de maneira ultraformal. Numa palestra para executivos usa-se terno e
expressão formal. Numa aula, podemos usar roupa casual e expressar de modo
semiformal, usando expressões coloquiais se modo semididático. Num bate-papo
entre amigos, num bar, a linguagem e vestimentas são totalmente informais.
Nos dois primeiros casos acima, corresponde ao uso
da “norma culta”, portanto, obrigados a respeitar a gramática normativa.
Em cada situação usamos linguagens diferentes. No
trabalho usamos uma linguagem mais séria, porque o trabalho é uma atividade
séria. Um bate-papo entre amigos é uma situação descontraída.
Falamos a língua portuguesa, o que significa dizer
que o sistema linguístico é social, partilhado por todos os membros de uma
sociedade. Em compensação cada indivíduo tem um modo único de falar, a ponto de
reconhecemo-lo pelo modo de expressar. Isso significa que a fala é uma
característica individual.
As pessoas vivem em grupo e tendem ajudar seu modo
de falar ao costume do grupo em que se encontra. Cada um de nós pertence a uma
região, classe social, faixa etária, grupo profissional. Esses grupos
influenciam a nossa fala e nós ajustamos nosso modo de falar ao grupo, num dado
momento.
Esse modo de expressar característico de um grupo de
pessoa é que se chama de – norma. Portanto, a língua é social, as
normais grupais e os atos de fala, individuais.
A gíria é, portanto, um tipo de norma, que deve ser
usado dentro de grupo social específico.
Por exemplo – jovens estudantes formam um grupo
social, sendo comum que se comunique por gírias, inclusive em bilhetes.
Vídeo: A educação no Brasil ainda tem jeito:
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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 03 - Vídeo-Aula: 12 – Os Jargões
(Prof. Aldo Bizzocchi)
Vimos
na aula anterior que os fenômenos da língua se dão em três níveis: social,
grupal e individual e esses níveis chamam-se sistema, norma e fala, que são
termos técnicos da linguística.
A
linguística, como toda área da linguagem, tem o seu jargão característico, ou
seja, o próprio jargão é um tipo de norma, específico de um grupo profissional.
Toda
profissão possui termos para designar conceitos que só existem naquela
atividade. Quem não é médico dificilmente saberá definir o que é “isquemia”.
Quem não advogado não saberá o que é “evicção” ou “ação declaratória”. Quem não
pratica surfe, não deve conhecer os termos: biquilha
e dropar.
Alguns
jargões são famosos, conforme apareçam na mídia.
É
o caso do chamado “economês”, “juridiquês” e do “pedagogês”, relacionados com economistas, advogados ou juristas e
dos profissionais da educação.
Os
jargões existem para definir uma denominação que inexista na língua comum. Uma
palavra comum pode ter significado diferente do comumente conhecido, como
camisa, que entre os engenheiros significa um “molde de concreto”.
Jargões
são criados para facilitar o trabalho dos profissionais. Um termo técnico por
resumir uma explicação inteira, sendo precisos (monossemia). Já as palavras de
uso comum são polissêmicas, ou seja, tem muitos significados.
Uma
bula de remédio trás duas versões, uma delas dirigidas aos médicos, com jargão
da medicina, a outro para o povo em geral.
Veja
o texto: “O
ácido acetilsalicílico pertence ao grupo de fármacos antiinflamatórios,
não-esteroides, com propriedades analgésicas, antipiréticas e
antiinflamatórias. Seu mecanismo de ação baseia na inibição irreversível da
enzima ciclooxigenase, envolvida na síntese das prostaglandinas. O ácido
acetilsalicílico é usado em doses orais de 0,3 a 1 g para o alívio da dor e nas
afecções febris menores, tais como resfriados e gripes, para redução da
temperatura e alívio das dores musculares e das articulações. Também é usado
nos distúrbios inflamatórios agudos e crônicos, tais como artrite reumatoide,
osteoartrite e espondilite anquilosante. Nessas afecções usam-se em geral doses altas, no total de 4 a 8 g
diários, em doses divididas. O ácido acetilsalicílico também inibe a agregação
plaquetária, bloqueando a síntese do tromboxano A2 nas plaquetas. Por essa
razão, é usado em várias indicações relativas ao sistema vascular, geralmente
em doses diárias de 75 a 300 mg”.
Acabamos
de ler um trecho da bula da aspirina. O uso dos jargões muitas vezes é
necessário, por exemplo, num relatório técnico de engenharia.
O
que torna o jargão pedante, como no caso do economês
e do juridiquês, é o seu uso fora de
contexto. Vídeo – Ministro do STF e Professor Universitário Marco Aurélio
Melo. Usa diversos jargões jurídicos (excesso de formalismos jurídicos) numa
entrevista de TV aberta (ininteligível à maioria daqueles que poderiam estar
assistindo – os leigos). As perguntas (dos jornalistas) eram claras e
objetivas.
Entrevista Completa: Ministro Marco Aurélio Melo - Programa Roda Viva - 2012:
Assim
como a roupa, a linguagem deve variar conforma a situação, tudo depende de: com
quem falamos; sobre o que falamos e porque falamos. O médico deve falar como
médico, mas dentro de um hospital. O uso dos jargões deve obedecer ao contexto
(local) profissional, para não serem pedantes, podendo passar uma imagem
arrogante do comunicador. Os jargões devem ser entendidos, para não serem
verdadeiros códigos secretos.
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Semana 04 - Vídeo-Aula: 13 – A Influência de Outros Idiomas
(Prof. Aldo Bizzocchi)
Vídeo de uma Jovem: Ontem fui ao shopping Center. Nesta parte foi wonderful.
Depois fui comer um hot dog. Eu vi um gatinho e fiquei num Love, mas ele não
deu nenhum feedback. Daí fui para casa fazer meu homework. A staf me ligou e
tive que ir trabalhar, mas o trabalho ficou assim oh: so so. Ai, se pudesse
deletava esse dia da minha vida. (O rapaz
responde). Tininha eu não entendi metade das coisas que você disse. Você
usou tantos estrangeirismos que até parecia falar em inglês. (Ela) Ah, eu achei que fosse mais estiloso
falar assim. (Ele) Na verdade isso
foi um jeito de você mostrar que somos culturalmente dominados pelos
americanos.
Entrevistas – Milk shake (perguntava
quem sabe o que é). Estrangeirismos – palavras de outra
língua utilizada cotidiana num pais cuja língua é outra. No Brasil utiliza-se
muito o inglês. A língua portuguesa sofreu mutações desde a colonização de
1500. O estrangeirismo sempre ocorreu no Brasil, ruim é quando isso se
transforma num vício. Existe uma lei
proibindo o estrangeirismo.
Professor Aldo: Há muitas palavras
portuguesas de origem estrangeira. Muitas delas como football/futebol e
abat-jour/abajur foram aportuguesadas há muito tempo e nem podem ser mais
consideradas estrangeiras. Enquanto
outras como pizza, mouse, delivery, fast food, ainda conservam a grafia e a
pronúncia estrangeira, são os estrangeirismos.
Muitos combatem a penetração das
palavras estrangeiras na nossa língua, por ferir a nacionalidade, colocando-nos
numa posição inferior, mas banir toda e qualquer palavra estrangeira da nossa
língua cheira preconceito, ignorância da dinâmica das línguas.
É preciso compreender o
estrangeirismo, já que nenhuma língua tem sido pura ao longo dos séculos:
intercâmbios, viagens, ondas migratórias, influenciam. Importamos palavras pela
mesma razão que se importa ideias e práticas, seja comida - kiwui ou suchi,
sejam equipamentos – laptop, seja a globalização.
Algumas línguas cosmopolitas como
inglês e Francês importam e exportam palavras com grande desenvoltura. Porque a
França, Inglaterra e EUA sempre foram centros de inovações culturais.
Mas nem países pouco inovadores
escapam ao intercâmbio linguístico-cultural.
É preciso compreender que nenhuma
língua é imune a influencia de outra. Há enriquecimento com a importação de
línguas. Assim como viajar é saudável e enriquecedor, acolher em nossa terra
influências externas tem o mesmo efeito salutar. O empréstimo de palavras
estrangeiras é legítimo, mas é preciso distinguir quando é oportuno. Uma nova
tecnologia, uma nova moda, trás junto a sua língua de origem: whisky, pizza,
futebol, etc. Outra coisa é dar nome estrangeiro a objetos que já tem nome
português, como delivery.
Somos importadores de palavras mais do
que exportamos, porque produzimos pouca tecnologia. Mouse chama-se assim porque
era o nome que trouxe de fora. Em Portugal chama-se rato, mas no Brasil não se
usa assim, porque essa palavra tem muitos outros significados (roedor ou pessoa
desprezível). Site – entendo que seja sobre internet – Em sítio (tradução de
site) pensará numa pequena propriedade.
Expulsar as palavras estrangeiras
somente tornaria nossa língua mais pobre e não traria benefício nenhum.
Estacionamento: parking. Já delivery e game são mais compactas: entrega em
domicílio e vídeo jogo. 50% off é o mesmo que 50% de desconto, então porque
complicar.
Muitos comerciantes acreditam que se
utilizarem palavras estrangeiras vão aumentar seus lucros e outras pessoas
também acreditam que possa atrair mais status ou como se isso fosse sinônimo de
cultura.
Excesso de purismo também é feio.
Alguns sites do governo ou blogs de Professores de Português trazem as palavras
como:
Sítio – site
Linque – link
Bloque – blog
Internete – internet
Assim por diante. Grande parte dessa
paranoia purista vem sendo incitada por professores de português midiáticos,
colunistas, autores de manuais, se propondo corrigir a fala do nosso povo. Em
muitos casos isto não tem chance de vingar.
A virtude está no meio termo. As
tentativas de traduções dos estrangeirismos sempre fracassaram porque as
pessoas resistem substituir uma palavra já consagrada pelo uso.
Condenam acessar ou deletar como
anglicismo , quando a origem desses vocábulos está no latim accessum, deletum.
As razões para o estrangeirismo:
1) As palavras não têm fronteiras.
2) As palavras são importadas porque
precisamos dela.
3) Nosso léxico estaria no patamar dos
10.000 vocábulos não fosse as palavras importadas.
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Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática
POLO ARAÇATUBA
ST2
Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 04 - Vídeo-Aula: 14 – A Linguagem Politicamente Correta
(Prof. Aldo Bizzocchi)
A língua não serve apenas para comunicar-se é também
um poderoso instrumento de persuasão. Dominar pessoas pelo discurso é mais
eficiente que manter um soldado em cada esquina e muitas vezes a manifestação
ideológica se oculta sob o manto das boas intenções. É o caso da chamada
linguagem politicamente correto.
Antigamente o Governo Brasileiro lançou a cartilha
do Politicamente Correto, com 96 palavras consideradas pejorativas, que foi
duramente criticada pela impressa. Antes disso um projeto de lei distinguia
cidadãos e cidadãs, que foi criticado por representantes da sociedade civil,
entre linguistas e gramáticos, porque no português o gênero no masculino serve
para denominar ambos os sexos.
Mas porque iniciativas deste tipo, que até parecem
nobres, acabam torpedeadas até pelos intelectuais.
Politicamente correto nasceu nos anos 70 nos EUA,
fruto de uma preocupação de entrada de grupos sociais (negros), então a causa
era uma educação doméstica. No Canadá existe controle das ideias que circulam
na mídia. Também na Suécia, Dinamarca e Noruega.
Na universidade no Brasil quem controla isto é a
esquerda. Politicamente correto serve para maquiar a incompetência do Estado
Brasileiro.
Em 1948, após a segunda guerra e o holocausto (ONU),
um dos corolários era a linguagem politicamente adequada. No Governo Carter nos
EUA que nasceu essa linguagem. Essa tendência logo ganhou outras nações, como o
Brasil. A virtude está no meio termo. Nossa língua já oferece palavras para
definir cego, curso aleijado. Porque mascarar a realidade com expressões mais
longas e menos precisas. Vamos supor que anão seja um termo pejorativo. Na
cartilha do Governo Lula, as pessoas nanicas são consideradas
preconceituosamente consideradas engraçadas. Então como dizer – pessoa
portadora de nanismo ou baixinhos. A primeira parece doença. É melhor ser
engraçado do que doente. Outra sugestão coloca no mesmo balaio os portadores de
nanismo e os portadores de baixa estatura em geral. O que usar então: pessoa
verticalmente prejudicada?
Porque se referir a negros como afrodescendentes e
não os brancos como euros descendentes? Esse eufemismo criado pelos americanos
e introduzido pelo português é além de tudo equivocado. Afinal um brasileiro
branco, descendente de egípcios brancos, também é um afrodescendente. E se a
África é o berço da humanidade então somos todos afrodescendentes.
Embora a linguagem politicamente correta seja uma
invenção americana, os Estados Unidos não detêm o monopólio da hipocrisia.
Expressões eufêmicas já existem no português há muito tempo. Chamar o negro de moreno ou de cor, embora
pareça atitude de respeito, esconde um racismo. Ao evitarmos usar a palavra:
negro, consideramos ser negro um defeito. Apesar da aparente boa intenção a
linguagem politicamente correta só contribui para acentuar o preconceito.
É claro que há uma linguagem adequada para cada
situação. Nenhum jornal vai se referir ao desfile do orgulho gay, como passeata
de veados, afinal trata-se de utilizar a linguagem com respeito, não com falsa
piedade. Neste sentido o conceito de politicamente correto deveria ser
substituído por linguisticamente adequado.
Por outro lado há contexto que a linguagem chula,
além de inevitável é única cabível. Você já imaginou um motorista referir-se ao
outro, numa briga, como filho de uma profissional do sexo, ao que o outro
retrucasse: seu cônjuge de adúltera.
O que a linguagem politicamente correta faz é o
acobertamento ideológico pelo discurso, camuflando o problema ao invés de
resolvê-lo. Ao darmos nomes bonitos a coisas feias elas nos parecerão menos
feias. É exatamente o que o filósofo Luis Felipe denuncia, quando contrapõe as
cotas raciais à péssima qualidade do ensino público.
A verdadeira democracia se apoia em direito iguais
para todos, mas há uma grande distância entre democracia e demagogia. O que
temos hoje em muitos países são discursos demagógicos com relação às minorias,
que as vezes são numericamente maioria, criando leis cosméticas, mudando
somente o nome das coisas, ao invés de combater a desigualdade com educação,
serviços públicos de qualidade e distribuição de renda.
Assim recessão – passa a ser crescimento econômico
negativo; morte vira cessação das atividades vitais; morrer é ir a óbito.
Favela se torna comunidade carente e pobreza, exclusão social. Cabelo pixaim ou
carapinho é agora cabelo étnico. Como se quem tem cabelo liso como eu (diz o
professor) não tivesse etnia.
Na linguagem corporativa chefe virou líder e
funcionário agora é colaborador.
É possível e relativamente fácil manipular a opinião
pública por meio de palavras e expressões como exclusão, tolerância, não
violência, que representam conceitos ideologicamente maleáveis.
A linguagem politicamente correta é
pseudodemocrática e em nome da preservação da dignidade dos direitos humanos,
exerce patrulhamento ideológico e caça as bruxas, típico dos regimes
autoritários, vendo preconceito em tudo.
Vejamos o vídeo a seguir:
(rapaz que
interpela o porteiro – com fiscal do politicamente correto – “Parafernália”)
O melhor remédio contra o preconceito é o bom senso
e não leis que determinem como devemos ou não falar. Num estado democrático de
direito, todos devem ter garantida a liberdade de expressão, mas liberdade com
responsabilidade.
A proibição pura e simples de certos termos apenas
empobrece a língua, na medida em que apaga rastros de sua história, mas não
estabelece uma sociedade mais justa, mesmo porque justiça se conquista com atos
não com palavras.
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Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática
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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 04 - Vídeo-Aula: 15 – Propriedades do Texto
(Prof. Aldo Bizzocchi)
No início do vídeo o professor faz uma
inquirição: Um texto
é uma sequência de palavras, mas nem toda sequência de palavras é texto. Seria
então uma sequência de frases? Poderia ser, mas nem toda sequência de frases é
um texto.
O que faz então que uma sequência de palavras ou frases se torne um texto?
O que é um texto?
1.
A
palavra “texto” vem do latim textus,
particípio passado de texere,
“tecer”;
2.
Portanto,
texto significa “tecido”.
A metáfora do texto como tecido
remonta as primeiras inscrições em língua grega, que utilizava um sistema de
ensino chamado bustrophédon,
as quais as linhas iam alternadamente da esquerda para direita e da direita
para esquerda imitando o movimento de um arado. Daí surgiram as metáforas como
“lavrar um documento”, ou do “fio do tear”, as linhas do texto.
No tecido não há somente linhas horizontais que vai e voltam, há também fios verticais que o enlaçam e constituem a trama. Daí falar-se da drama de um romance, ou do desenlace de uma história.
Os fios verticais do tecido que se enredam nos horizontais, representam o enredo de uma história de ficção (impedem que o tecido desfie), a continuidade linear e conexões verticais no tecido, que, transpostas para o texto verbal, representam a coesão e coerência.
Os linguistas procuram uma explicação que explique ao mesmo tempo uma estruturação sintática e semântica do texto, buscando regras que possam distinguir entre textos gramaticais e não gramaticais.
Coesão: assegura uma ligação linguística significativa entre os
elementos que ocorrem na superfície textual.
Coerência: resulta da interação entre os elementos cognitivos
apresentados pelo texto e o nosso conhecimento do mundo.
Assim a coerência de um texto está ligada a sua estrutura profunda, enquanto a coesão está ligada ao desencadeamento linear das frases ao nível de estrutura de superfície. A coerência é de natureza semântica e nos remete a um significado global do texto, a coesão representa aspectos sintáticos e relacionais entre os componentes.
De forma geral podemos entender a coesão textual como um conjunto de relações dos elementos constitutivos dos textos entre si enquanto a coerência textual é a relação entre o texto e o contexto extralinguístico.
Redundância e Profluência: Todo discurso parte de uma informação já conhecida por ambos sujeitos (emissor e receptor), sobre a qual se faz o aporte de informação nova, inédita ao receptor da mensagem. A informação já conhecida chama-se tema ou tópico, e a informação nova chama-se rema ou comentário.
Toda rema pode tornar-se tema em relação a novos remas.
Tema Principal: aquele que não deriva de nenhum outro tema dentro do
mesmo texto.
Tema Secundário: aquele que é rema de temas anteriores pertencentes ao
mesmo texto.
O constante movimento de tema a rena é progressão temática, ela é condição básica da existência do texto.
Todo texto é parcialmente profluente e parcialmente redundante. A profluência do texto garante a sua informatividade, já a redundância assegura a fixação do tema e a integração dos constituintes textuais no seu desenvolvimento sequencial.
Nenhum texto pode ser totalmente profluente ou totalmente redundante.
Exemplos:
Texto totalmente profluente: O Brasil foi descoberto em 1500. Pelé é o rei do futebol.
Isto é uma aula de leitura e produção de texto. Os macacos gostam de bananas. O
acidente deixou sete feridos.
Texto totalmente redundante: O Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500 por Pedro
Álvares Cabral. Isso significa que, naquele dia, o famoso navegante português
descobriu nosso país. Por isso, todo ano, a 22 de abril, comemoramos o
Descobrimento do Brasil por Cabral.
Existem quatro regras de coerência textual:
1.
Repetição
(direta ou indireta);
2.
Progressão;
3.
Não
contradição;
4.
Relação
texto/contexto.
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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 04 - Vídeo-Aula: 16 – A Estratura da Língua
(Prof. Aldo Bizzocchi)
O Professor Aldo inicia a aula: No universo todas as coisas se
organizam hierarquicamente, esse princípio é chamado de estrutura. A maioria
das estruturas existentes mostram-nos dois tipos de ligações:
Horizontais (coordenação): entre
elementos da mesma função ou importância na estrutura.
Verticais (subordinação): um
elemento menos importante, depende de outro mais importante.
Por exemplo: Vários planetas
girando em torno de uma estrela, os planetas não influenciariam caso houvesse
mais ou menos, porém sem a estrela os planetas se perderiam no espaço.
Estruturas implicam em hierarquia, e
esta é um conjunto de coordenação e subordinação entre as partes constituintes
da estrutura. Na língua fonemas unem-se hierarquicamente para formar sílabas e
morfemas, já os morfemas unem-se hierarquicamente para formar palavras,
palavras se unem para formar sintagmas, sintagmas se unem para formar orações,
orações se unem para formar períodos, períodos se unem para formar parágrafos,
parágrafos se unem para formar textos.
A estrutura da sílaba: Em
português, toda sílaba tem uma estrutura do tipo C1C2VC3CA, o que
significa que no meio da sílaba sempre deve haver uma vogal (V), sem vogal não
há sílaba em português.
Exemplo: A estrutura da palavra.
Na palavra transnacional, reconhecemos
um prefixo trans-, um radical nacion- (nação), e um sufixo
al-. O centro da palavra é o radical, que é o suporte do significado, já os
afixos trans e al exercem a função de produzir uma
palavra derivada.
Assim o radical é a base, e os afixos
e desinências os adjuntos. Mesmo em uma palavra composta, que há dois radicais
um funciona como adjunto do outro.
A estrutura do sintagma (nominal e
verbal): Cada sintagma possui um núcleo, que indicará de que tipo de
sintagma se trata: se o núcleo for um verbo, o sintagma será verbal, se o
núcleo for um nome o sintagma será nominal.
Sintagma Nominal: é formado por
um nome (núcleo) e seus determinantes que podem ser adjuntos adnominais ou
orações adjetivas. Na Oração pode assumir a função de sujeito ou de complemento
verbal.
Sintagma Verbal: é formado pelo
verbo (núcleo do sintagma) seguido ou não do sintagma preposicional (objeto
indireto), do sintagma nominal (objeto direto), do sintagma adverbial (adjunto
adverbial ou do sintagma adjetivo (predicativo).
Exemplos de enunciados:
1) As
verdadeiras amizades nunca morrem.
As verdadeiras amizades –
sintagma nominal
As verdadeiras – sintagma
adjetival
Nunca morrem – sintagma
verbal
Nunca – sintagma adverbial
2) A
espécie daquela árvore corre risco de extinção.
A espécie daquela
árvore – sintagma nominal
Daquela árvore – sintagma
preposicional
Corre risco de extinção –
sintagma verbal
Risco de extinção – sintagma
nominal
De extinção – sintagma preposicional
As orações coordenadas são autônomas
entre si, as subordinadas dependem de uma oração principal.
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